"Os espelhos estão cheios de gente.
Os invisíveis nos vêem.
Os esquecidos se lembram de nós.
Quando nos vemos, os vemos.
Quando nos vamos, se vão?"
Eduardo Galeano: Espelhos

quarta-feira, 31 de maio de 2017

A garra charrua

Índios do Rio da Prata (charruas). 
Jornal de viagem de Hendrick Ottsen, 1603

No ano de 1832, os poucos índios que tinham sobrevivido à derrota de Artigas foram convidados a firmar a paz, e o presidente do Uruguai, Fructuoso Rivera, prometeu que eles iam receber terras.

Quando os charruas estavam bem alimentados e bebidos e adormecidos, os soldados entraram em ação. Os índios foram libertados de suas penas e angústias a golpes de punhal, para não gastar balas, e para não se perder tempo com enterros foram atirados no arroio Salsipuedes.

Foi uma armadilha. A história oficial chamou de batalha. E cada vez que nós, uruguaios, ganhamos algum troféu de futebol, celebramos o triunfo da garra charrua.

GALEANO, Eduardo. O caçador de histórias. Porto Alegre: L&PM, 2016. p. 55.

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