"Os espelhos estão cheios de gente.
Os invisíveis nos vêem.
Os esquecidos se lembram de nós.
Quando nos vemos, os vemos.
Quando nos vamos, se vão?"
Eduardo Galeano: Espelhos

quarta-feira, 12 de abril de 2017

O Artemísion de Éfeso

O edifício do Templo de Ártemis em Éfeso.
Hendrik van Cleve

No final do 2º milênio a.C., os jônicos se apoderam da região da Ásia Menor situada entre o Hermos e o Meandro. No fundo de um golfo, perto da foz do Caistro, fundam a cidade de Éfeso. Colocada sobre a estrada real da Lídia, Éfeso se torna rapidamente uma cidade comercial muito importante e o centro financeiro da Ásia Menor. Na região, desde tempos imemoriais, venera-se uma divindade da Terra e da Fecundidade que os gregos comparam de maneira inesperada a sua deusa Ártemis. Uma primeira área cultural é edificada em Éfeso, mas destruída no século VII pelos cimérios.

Ártemis de Éfeso.  
Esta cópia da Ártemis do templo de Éfeso, com seus múltiplos seios e seu corpo encaixado, mostra a estranheza dessa divindade, que não se assemelha à deusa grega da Caça. 
Foto Klaus-Peter Simon

Em 560 a.C., o rei Creso da Lídia se apodera de Éfeso e decide reconstruir um templo esplêndido para Ártemis. Sua ambição é de rivalizar com os dois maiores templos da época, o de Hera em Samos e o de Apolo em Mileto. Para edificar o monumento sobre o solo instável, toma-se por modelo o arquiteto Teodoro, mestre de obras do Heraion em Samos, que tinha mandado colocar peles de carneiro e carvão de lenha sob as fundações. Dois arquitetos cretenses, Quersífron e seu filho, Metagenés, são os projetistas do magnífico Artemísion de Éfeso, em mármore branco azulado, cuja construção demorou quase cento e vinte anos.

Hermes vestindo um manto. 
Detalhe de uma coluna de mármore do Templo de Ártemis, Éfeso. 
Foto Marie-Lan Nguyen

Com seus 155 metros de comprimento e seus 55 metros de largura, o Artemísion é o maior monumento jônico. Nas 127 colunas de 19 metros de altura que cercam o edifício, 36, oferecidas pelo próprio Creso, apresentam a originalidade de ter tambores esculpidos em baixo-relevo. No ano 356 a.C., um desequilibrado, Eróstrates, põe fogo nesse esplêndido edifício, que desaparece completamente. Os efésios se empenham imediatamente na reconstrução do Artemísion, fazendo-o ainda mais belo e maior. Esse templo passa a fazer parte então das sete maravilhas do mundo.

A justa Antia levando suas companheiras para o templo de Diana em Éfeso.
Joseph Paelinck

SALLES, Catherine (dir.). Larousse das civilizações antigas 2: Da Babilônia ao Exército Enterrado Chinês. São Paulo: Larousse do Brasil, 2008. p. 129.

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