"Os espelhos estão cheios de gente.
Os invisíveis nos vêem.
Os esquecidos se lembram de nós.
Quando nos vemos, os vemos.
Quando nos vamos, se vão?"
Eduardo Galeano: Espelhos

quarta-feira, 16 de novembro de 2016

A grande odalisca

A grande odalisca, Jean-Auguste-Dominique Ingres, 1814
 
Esta pintura foi encomendada pela rainha Carolina de Nápoles, irmã de Napoleão. Originalmente, ela deveria compor um par com outro nu de Jean-Auguste-Dominique Ingres, mas o regime de Bonaparte desmoronou. Carolina fugiu do país e o segundo nu, uma pessoa dormindo, foi destruído. Ingres era leal ao estilo neoclássico: a atmosfera  da obra é serena e ele presta mais atenção aos contornos do que a cor. A grande odalisca foi pintada em Roma, durante um período em que o artista estava desfrutando de uma reputação muito melhor na Itália do que na França. Em 1819, quando exibida no Salão de Paris, a obra teve uma recepção ambígua, em parte porque as distorções da imagem feminina sugeriam uma influência do maneirismo. Ainda que a pose da odalisca, ou concubina, se pareça com o retrato de Madame Récamier (1800), de Jacques-Louis David, Ingres retrata sua modelo como uma mulher de um harém, adotando, assim, o gosto temático pelo orientalismo, que foi popular entre os artistas românticos. Apesar dessa afinidade, Ingres se manteve contrário aos ideais românticos até morrer.

Iain Zaczek. A grande odalisca. In: FARTHING, Stephen. Tudo sobre arte. Rio de Janeiro: Sextante, 2011. p. 264.

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