"Os espelhos estão cheios de gente.
Os invisíveis nos vêem.
Os esquecidos se lembram de nós.
Quando nos vemos, os vemos.
Quando nos vamos, se vão?"
Eduardo Galeano: Espelhos

terça-feira, 16 de agosto de 2016

Banquetes na Grécia e no Egito

Cena de banquete. Artista desconhecido. Afresco em Paestum - colônia grega  -, Itália

* Grécia. O banquete é uma instituição grega. Depois de uma ceia, na qual se comia sem beber, o banquete celebrava o momento em que um grupo de amigos - adultos e cidadãos - dividia o prazer de beber, conversando ou vendo um espetáculo de dança ou pantomima. Essa reunião, ou cerimônia, tinha sempre uma dimensão religiosa. Os deuses estavam associados a esse ritual, precedido por uma libação.

Em um banquete privado, como o de Platão e Xenofonte no célebre diálogo, os convivas ficavam estendidos sobre uma cama, com a parte superior do corpo virada para a direita, e o cotovelo esquerdo apoiado em almofadas. Era comum elegerem um chefe do banquete, responsável por fixar o número de copos que seriam esvaziados, a proporção da mistura de vinho e água (pois só os bárbaros bebiam o vinho puro) e os divertimentos da noite. Além das obras célebres de Platão e Xenofonte, o Banquete dos sofistas, de Ateneu, o Banquete dos sete sábios, de Plutarco, e sua compilação Conversas à mesa atestam a perenidade da instituição e do gênero literário que nascia ali. (Monque Trédé)

* Egito. As cenas de banquetes que enriquecem a iconografia dos túmulos privados do Novo Império evocam as festividades ligadas à vida do defunto, mas têm, geralmente, um significado funerário, buscando inspiração na lembrança de ágapes reais. No tradicional quadro da refeição do morto são incluídas as representações de elegantes convivas, parentes e amigos. Um espetáculo de dança e música completa o ambiente.

Uma cerimônia ritual reunia anualmente as pessoas próximas ao defunto, na capela de seu túmulo, para um festim em sua memória. Nessas ocasiões não faltava bebida, mas ninguém comia. As composições que retratam esses momentos exaltam os prazeres dos sentidos e são profundamente carregadas de erotismo. Além de evocar as alegrias da mesa, são um convite ao amor, uma aposta na sobrevivência eterna. (Annie Forgeau)

In: BETING, Graziella. Coleção história de A a Z: [volume 1]: antiguidade. Rio de Janeiro: Duetto, 2009. p. 14.

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