"Os espelhos estão cheios de gente.
Os invisíveis nos vêem.
Os esquecidos se lembram de nós.
Quando nos vemos, os vemos.
Quando nos vamos, se vão?"
Eduardo Galeano: Espelhos

domingo, 21 de fevereiro de 2016

Cultura republicana I

A preocupação dos intelectuais brasileiros com a formulação de uma identidade nacional foi a característica das primeiras décadas do período republicano. Suas visões acompanharam, de certo modo, as próprias mudanças sociais do país. Ao final do século XIX, a perspectiva romantizada dos costumes e da natureza cedeu lugar a uma noção mais realista e naturalista, que buscava maior objetividade.


Bananal, Lasar Segall

Se a perspectiva anterior estivera diretamente ligada à ação política, nesse período grande parte da produção intelectual aproximava-se mais das regras do pensamento científico. As bases da cultura republicana fortaleceram-se com Os sertões de Euclides da Cunha, ambientado no Nordeste, com as crônicas de Lima Barreto e João do Rio e com os romances de Aluízio de Azevedo, que tratavam da vida urbana do Rio de Janeiro e de São Paulo.


Tropical, Anita Malfatti

No início do século XX, São Paulo emergia como metrópole, vivenciando uma rápida industrialização, financiada pelo capital acumulado com as atividades cafeeiras. A modernização industrial, e com ela a valorização da técnica e da mecanização das atividades produtivas, convivia com elementos arcaicos ainda presentes em seu cotidiano. Os ares de metrópole fundiam-se com os vestígios de província.


A família, Tarsila do Amaral

Nas artes, as permanências simbolistas, românticas e parnasianas pareciam representar características estéticas e sociais mais inertes e repetitivas. Nesse contexto, buscando, antes de tudo, a inovação artística e social, ocorreu uma das maiores expressões culturais do Brasil, a Semana de Arte Moderna.


Samba, Di Cavalcanti

No início de 1922, reuniram-se em São Paulo intelectuais e artistas que procurariam elaborar obras e atitudes de acordo com os saberes mais "adiantados" desenvolvidos no resto do mundo, ao mesmo tempo que ansiavam por interferir criticamente no país, modernizando-o. Entre os maiores representantes do Modernismo destacam-se os escritores Mário de Andrade e Oswald de Andrade, Sérgio Milliet, Guilherme de Almeida, Ribeiro Couto, Manuel Bandeira e Ronald de Carvalho; os pintores Di Cavalcanti, Lasar Segall, Cândido Portinari, Tarsila do Amaral e Anita Malfatti; e o compositor Heitor Villa-Lobos.


Despejados, Cândido Portinari

Ao longo dos anos 20 o movimento se estendeu para outras regiões do país, sendo divulgado, principalmente, por revistas e periódicos de pouca duração, porém de grande importância.

CAMPOS, Flávio de; DOLHNIKOFF, Miriam. Atlas História do Brasil. São Paulo: Scipione, 1993. p. 48.

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