"Os espelhos estão cheios de gente.
Os invisíveis nos vêem.
Os esquecidos se lembram de nós.
Quando nos vemos, os vemos.
Quando nos vamos, se vão?"
Eduardo Galeano: Espelhos

quinta-feira, 27 de agosto de 2015

A era do absolutismo: A supremacia da Espanha no século XVI

A formação dos Estados Modernos e as monarquias nacionais que neles se instalaram, simbolizando a unidade geográfica, política e cultural de uma região, favoreceram a afirmação do poder ilimitado dos reis, o absolutismo.

O poder soberano reside exclusivamente na minha pessoa [...] os direitos e os interesses da nação acham-se necessariamente vinculados aos meus e encontram-se em minhas mãos unicamente. (Luís XV)

Como sistema de governo o absolutismo tem raízes profundas no passado, podendo ser reconhecido na maneira de governar dos faraós egípcios ou dos imperadores romanos. Para a afirmação do absolutismo nos séculos XVII e XVIII tiveram importância lutas religiosas que se transformaram frequentemente em conflitos pela hegemonia política e econômica.

Essas lutas desencadearam-se em monarquias europeias que viam sua unidade religiosa seriamente ameaçada pela divisão da Igreja cristã. Ao lado disso, as monarquias empenharam-se em desenvolver, nos séculos XVI e XVII, uma política econômica (o mercantilismo) destinada a levar o poderio do Estado ao apogeu. Responsável em parte pelos conflitos em torno da hegemonia europeia e colonial, essa política econômica requeria um governo forte.


Navios ingleses e a Armada espanhola, Artista desconhecido

* A supremacia da Espanha no século XVI. No século XVI, no reinado de Filipe II, a Espanha foi a maior potência da Europa. Possuía um vasto império, o qual incluía os Países Baixos, o Ducado de Milão, os reinos de Nápoles, Sardenha e Sicília, vastos territórios nas Américas, as Filipinas, bem como, a partir de 1580, Portugal e suas colônias.

Do ponto de vista político o rei Filipe II mantinha rígido controle do governo, raramente convocando as Cortes (Parlamento) e quando o fazia era só mesmo para referendar suas decisões.

Do ponto de vista econômico, a Espanha de Filipe II monopolizava todo o comércio de seu império, dispunha de enormes quantidades de metal precioso obtido em suas terras nas Américas; descuidava-se, porém, do desenvolvimento agrícola e industrial do próprio país. Assim, quando sobreveio a crise do ouro, devido ao excesso de metal precioso, fazendo baixar o valor da moeda e subir os preços de gêneros alimentícios e produtos manufaturados, as nações europeias encontraram-se em dificuldades, sobretudo a Espanha, cuja produção interna não podia suprir às necessidades do povo, empobrecendo também em virtude de pesados impostos exigidos pela coroa.

Do ponto de vista religioso, Filipe II era um católico exacerbado e perseguiu violentamente, não só os protestantes, como os muçulmanos e os judeus convertidos ao catolicismo.

Os elevados impostos e as perseguições religiosas acabaram provocando a revolta dos Países Baixos. Após vários anos de lutas as províncias protestantes no norte, auxiliadas pela Inglaterra, conseguiram tornar-se independentes da Espanha (1579), com o nome de Províncias Unidas, a atual Holanda, que se transformou em uma nação próspera, logo iniciando uma expansão colonial na Ásia e na América.

Por ter ajudado a Holanda a tornar-se independente e por ser uma nação protestante, Felipe II via a Inglaterra como sua grande inimiga. A fim de esmagar o protestantismo e fortalecer seu poderio, concebeu um plano de ataque à Inglaterra, enviando contra esse país uma frota poderosa, a Invencível Armada. A esquadra espanhola, porém, foi vencida no Canal da Mancha pela esquadra inglesa constituída de navios menores e mais rápidos. Essa batalha naval marcou o fim da supremacia espanhola na Europa e o início da supremacia inglesa nos mares.

HOLLANDA, Sérgio Buarque de [Org.]. História da Civilização. São Paulo: Nacional, 1974. p. 194-5.

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