"Os espelhos estão cheios de gente.
Os invisíveis nos vêem.
Os esquecidos se lembram de nós.
Quando nos vemos, os vemos.
Quando nos vamos, se vão?"
Eduardo Galeano: Espelhos

domingo, 22 de dezembro de 2013

A Espanha Muçulmana

Ocupando território espanhol, conhecido então como Al Andalus, os muçulmanos controlaram as terras dos reis visigodos e da Igreja.

Obrigavam os camponeses a pagar um terço da produção. Ao mesmo tempo introduziram inovadoras técnicas agrícolas, que beneficiaram os agricultores. Desenvolveram as atividades comerciais. Cunharam moedas. Exploraram minérios. Construíram estradas e aproveitaram aquelas existentes desde o domínio romano. Edificaram cidades que foram autênticos símbolos da opulência da civilização urbana andaluza, como Sevilha, Córdoba e Toledo.

Torre do Ouro, Sevilha

A longa permanência dos conquistadores muçulmanos deixaria marcas definitivas no Ocidente, e nesse aspecto o papel da Espanha foi o de ser a principal área intermediária. A cultura muçulmana no Ocidente agiu como uma força sintetizadora, levando para as regiões conquistadas o que havia de mais importante em todos os centros da atividade humana, o que havia de mais significativo no conhecimento de chineses, indianos e gregos. Traduzindo as obras dos mais importantes autores da Antiguidade clássica, os muçulmanos transferiam para o Ocidente o conhecimento acumulado durante séculos. Eles contribuíram para o desenvolvimento da cartografia e da astronomia, da química e da medicina, da indústria e do comércio, da arquitetura e da matemática, da filosofia e da literatura. Introduziram no Ocidente os algarismos hindus (hoje chamados arábicos). Desenvolveram a álgebra e a astronomia. Imortalizaram nomes como o do médico e filósofo Averróis, comentarista da obra de Aristóteles. Como o também médico e filósofo Avicena, que teve sua obra enciclopédica, chamada Canon, utilizada durante muito tempo nas escolas europeias de medicina. Como o historiador Ibn Khaldun, que muitos vêem como precursor da abordagem científica da vida social. Como o sábio Al Biruni, que se dedicou a praticamente todas as disciplinas científicas de seu tempo.

O apogeu do islamismo ocidental foi vivido em território espanhol e desmoronou com a Reconquista cristã, concluída no ano de 1492. No entanto, a contribuição deixada pela civilização do Islão representa uma herança que continuou depois disso a beneficiar toda a humanidade e que se prolonga, através da História, até nossos dias.

YASBEK, Mustafá. A Espanha Muçulmana. São Paulo: Ática, 1987. p. 29-30. 

NOTA: O texto "A Espanha Muçulmana" não representa, necessariamente, o pensamento deste blog. Foi publicado com o objetivo de refletirmos sobre a construção do conhecimento histórico.

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