"Os espelhos estão cheios de gente.
Os invisíveis nos vêem.
Os esquecidos se lembram de nós.
Quando nos vemos, os vemos.
Quando nos vamos, se vão?"
Eduardo Galeano: Espelhos

quinta-feira, 17 de outubro de 2013

A política e a economia sob os soberanos Lágidas

Em 305 a.C., por ocasião de sua conquista do Egito, Alexandre, o Grande, tinha colocado à testa de sua nova província Ptolomeu, filho de Lagos. Procedente da nobreza macedônia, Ptolomeu assume o título grego de basileus (rei). Seu poder é reconhecido pelos sacerdotes egípcios. Comanda então o exército, administra a Justiça e honra as divindades. A administração central é instalada em Alexandria, enquanto novas divisões administrativas são criadas (notadamente as nomes), a fim de estabelecer os serviços e o controle fiscal... Entre os funcionários, o dioceta tem um papel essencial: supervisiona as engrenagens da economia e é responsável pela exploração das “terras reais” e pelos rendimentos do Tesouro.

Sob os Lágidas, o sistema monetário, criado pelos comerciantes do antigo emporion (entreposto) grego de Naucratis e por muito tempo ignorado pelos egípcios, se estende a todo o Egito. Os gregos instauram os bancos do Estado que coexistem com bancos privados. No mesmo momento, Alexandria se afirma como um pólo econômico excepcional no Mediterrâneo e se torna a cidade dos naucleros, espécie de transitários que garantem o comércio marítimo internacional.

Estela de uma mulher.
Foto: Shakko

A economia rural é transformada, inovações permitem aumentar a superfície cultivável. As colheitas permanecem ligadas ao ritmo das cheias do Nilo e da rede de canais de irrigação. As áreas cultiváveis são objeto de uma atenção especial e de uma política voluntarista na região do Fayum. O regime das terras é complexo. A “terra sagrada” permanece propriedade inalienável dos templos. Diodoro da Sicília, na época romana, a avalia em um terço da superfície cultivada. Os reis controlam, no entanto, as propriedades fundiárias, os rebanhos dos templos, pois todo arrendamento das “terras sagradas” depende do poder central. Cultiva-se o trigo, a videira, árvores frutíferas e se cria especialmente ovinos e às vezes bovinos. As cidades e as aldeias abrigam atividades artesanais, tecidos, tinturaria, ourivesaria, cerâmica e vidraria de qualidade.

SALLES, Catherine [dir.]. Larousse das civilizações antigas 2: da Babilônia ao exército enterrado chinês. São Paulo: Larousse do Brasil, 2008. p. 210-211.

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