"Os espelhos estão cheios de gente.
Os invisíveis nos vêem.
Os esquecidos se lembram de nós.
Quando nos vemos, os vemos.
Quando nos vamos, se vão?"
Eduardo Galeano: Espelhos

sábado, 29 de junho de 2013

A situação social do camponês, do escravo e da mulher entre os hebreus

Semitas representados em pintura mural egípcia

A princípio, a economia entre os hebreus baseou-se na pecuária e, depois, na agricultura. A propriedade da terra era coletiva. A pecuária predominou no Sul da Palestina enquanto a agricultura (cereais, videira, oliveira) foi mais desenvolvida no Norte. Nos reinados de Davi e Salomão, o comércio atingiu grande desenvolvimento, assim como o artesanato, sob influência das cidades fenícias. A localização geográfica da Palestina favoreceu o comércio, pois constituía um ponto de cruzamento das rotas comerciais da Mesopotâmia, do Egito, do Mar Vermelho e da Arábia.

"A formação da propriedade privada (primeiro dos rebanhos, depois da terra) foi muito intensiva na Palestina: a terra comunal passou gradualmente às mãos dos chefes das famílias patriarcais [...] o próprio Rei não tinha o direito de confiscar a terra." (DIAKOV, V; KOVALEV, S. Histoire de l'Antiquité. Moscou: Éditions en Langues Étrangêres, s.d. p. 202-203.

O desenvolvimento da propriedade privada (lotes individuais pertencentes às grandes famílias) provocou a ruína dos camponeses, que ainda eram obrigados a pagar impostos ao Estado e a servir no exército. A usura também contribuiu para a desigualdade social: os camponeses que não podiam pagar suas dívidas eram reduzidos à escravidão, por tempo determinado (seis anos). A escravidão, prevista na Lei Mosaica, teve grande difusão entre os hebreus: além dos escravos hebreus, havia os estrangeiros (prisioneiros de guerra ou obtidos no comércio). Tanto uns como outros possuíam alguns direitos civis - podiam inclusive obter a liberdade. Eram empregados nas oficinas, minas de cobre e nos serviços domésticos.

Os mais beneficiados com o desenvolvimento comercial e urbano, sobretudo no Norte da Palestina, foram os Reis e a aristocracia. Entretanto, a massa camponesa não aceitava sempre passivamente a dominação dos grandes proprietários. Por vezes, eclodiam movimentos populares, que, embora revestidos de um caráter religioso, constituíam uma séria ameaça à aristocracia e aos Reis.

A situação da mulher também não era de igualdade:

"Não cobiçarás a casa do teu próximo. Não cobiçarás a mulher do teu próximo, nem o seu servo, nem a sua serva, nem o seu boi, nem o seu jumento, nem coisa alguma que pertença ao teu próximo." (Êxodo, 21, 17.)

Vê-se, pelo trecho acima, que a posição da mulher, nessa lista, fica bem clara: ela pertencia ao homem, como o boi e o jumento, e, em matéria de importância jurídica, estava apenas um pouco acima deles...

AQUINO, Rubim Santos Leão de et al. História das sociedades: das sociedades primitivas às sociedades feudais. Rio de Janeiro: Imperial Novo Milênio, 2008. p. 200-201.

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