"Os espelhos estão cheios de gente.
Os invisíveis nos vêem.
Os esquecidos se lembram de nós.
Quando nos vemos, os vemos.
Quando nos vamos, se vão?"
Eduardo Galeano: Espelhos

sexta-feira, 20 de julho de 2012

Trajetória do arqueólogo Vere Gordon Childe (1892-1957)

Vere Gordon Childe

Childe seguiu trajetória muito diversa da de outros colegas de profissão. Nasceu na Austrália, então considerada quase o fim do mundo [...]. Filho de um pastor da Igreja Anglicana, estudou, como Wheeler, latim, grego e filosofia, mas logo entrou para o recém-fundado Partido Trabalhista da Austrália. Em 1914, conseguiu uma bolsa para cursar pós-graduação em Oxford, sob orientação do estudioso da cerâmica grega John Beazley. Em 1916, já voltava à Austrália, para atuar como ativista político [...].

Com seu domínio de muitas línguas, percorreu o continente e publicou livros de síntese que constituíram obras de referência por décadas. Em 1927, tornou-se catedrático de arqueologia em Edimburgo, na Escócia. Childe pode ser considerado, a um só tempo, o maior teórico e também o mais prolífico e bem sucedido divulgador da disciplina. Ele inspirou-se no marxismo para apresentar uma interpretação de toda a história da humanidade, desde muito antes da invenção da escrita até a atualidade, tomando por base a evolução tecnológica.

Com isso, procurou mostrar que cada época baseou-se numa determinada tecnologia e que sua superação sempre se deu por um avanço técnico [...]. Suas obras, até hoje, são os livros de arqueologia mais difundidos de todos os tempos. Childe dirigiu o Instituto de Arqueologia de Londres até 1956, quando se aposentou e voltou para a Austrália. [...]

Gordon Childe também foi feliz em sua definição do trabalho do arqueólogo:

"A arqueologia é uma forma de história e não uma simples disciplina auxiliar. [...]"

FUNARI, Pedro Paulo. Arqueologia. São Paulo: Contexto, 2010. p. 21-22. 

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