"Os espelhos estão cheios de gente.
Os invisíveis nos vêem.
Os esquecidos se lembram de nós.
Quando nos vemos, os vemos.
Quando nos vamos, se vão?"
Eduardo Galeano: Espelhos

quinta-feira, 15 de setembro de 2011

O legado do Egito

Nefertiti

"O Egito oferece ao sábio e ao historiador os vestígios da mais antiga das nossas civilizações. Os mais famosos sábios da Grécia - Tales, Pitágoras e Heródoto - foram instruir-se com os sacerdotes de Mênfis e de Tebas. Após a conquista grega, em Alexandria, combinaram-se as civilizações do velho Oriente e da Grécia, para dar bem logo aos romanos, donos do mundo, uma civilização universal". (Malet)

I - A história do antigo Egito - 4000 anos de duração - é, na certeira expressão de Vercoutter, o mais longo experimento humano de civilização. Embora de sentido essencialmente prático, a cultura egípcia alcançou níveis admiráveis.

Os antigos egípcios ergueram monumentos que desafiam os séculos. Utilizaram a escrita; e criaram - ou deram origem ao alfabeto. Aperfeiçoaram a agricultura, a pecuária, a técnica de construção, a medicina. Estabeleceram o ano de 365 dias, muitos séculos antes que qualquer outro povo. Seus arquitetos e matemáticos planejaram construções gigantescas com margem de erro incrivelmente pequenas. Seus técnicos souberam regular e aproveitar as crescentes do Nilo. Cultivaram a terra, extraíram minérios, distinguiram-se no artesanato. Na filosofia e na moral atingiram conceitos da maior elevação.

Há os que consideram o antigo Egito como o verdadeiro criador, ou iniciador, de todas as manifestações da civilização ocidental: religião, arte, ciência, filosofia, política, organização social, economia, moral. O Egito teria sido a fonte autêntica e única de toda invenção e de todo descobrimento, isto é, de todo o nosso progresso. Os gregos, e os seus sucessores, teriam aprendido com os egípcios. Teriam copiado e imitado e, naturalmente, teriam dado alguns passos à frente. Mas muitos profundos segredos e mistérios da fabulosa civilização egípcia ainda permaneceriam ocultos, insondáveis.

Trata-se dum evidente exagero. Não se deve, porém, cair no extremo oposto e subestimar o apreciável valor cultural, sobretudo prático, do antigo Egito. (BECKER, Idel. Pequena História da Civilização Ocidental. São Paulo: Nacional, 1974. p. 46-47.)

II – Em 2600 a.C., os egípcios foram os primeiros padeiros conhecidos a fazer um tipo moderno de pão com fermento. Em sua forma, o pão que faziam parecia mais com um omelete fino do que com o pão mais fofo, feito nos tempos da Grécia. Uma outra invenção dos egípcios foi o fogão de assar, com uma fornalha para a lenha no fundo e um forno no alto. (BLAINEY, Geoffrey. Uma breve história do mundo. São Paulo: Fundamento Educacional, 2004. p. 41.)

III - O gigantismo do Egito foi a base de sua força. Foi também o que provocou o esmagamento do seu povo. Muitos esforços foram envidados para manter a unidade da terra do faraó; uma administração complexa foi mantida à custa de muito trabalho e a submissão do felá foi massacrante. Mas os hieróglifos e as pirâmides, os templos e os sarcófagos, o primeiro modelo de administração centralizada no mundo e uma religião fascinante são patrimônio da humanidade. (PINSKY, Jaime. As primeiras civilizações. São Paulo: Contexto, 2010. p. 104.)

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